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terça-feira, 26 de abril de 2011

Cirurgias Plasticas na adolescência



A adolescência é o período que se situa, na evolução do ser humano, entre a infância e a fase adulta. Em termos etários, entre os 12 e 21 anos.

Contudo essa definição tem sofrido muitas alterações, uma vez que as mudanças culturais, educacionais e ambientais anteciparam o amadurecimento das pessoas, fazendo com que crianças de 8, 10 anos de idade já exerçam papéis que seriam pressupostos para pessoas de maior idade.

Por outro lado, também por injunções familiares, sociais e até econômicas, jovens com mais de 21 anos, às vezes até entrando na faixa dos 30 anos, pensam e agem como adolescentes.

De qualquer forma, mesmo não se prendendo às questões etárias, pode-se dizer que a adolescência é o período de intensas modificações físicas e mentais que transformam a criança no adulto. E é exatamente por causa dessas transformações que os adolescentes são, muitas vezes considerados desagradáveis, recebendo até o nome deturpado de "aborrescentes". Contudo não se pode negar que é uma fase extremamente difícil, tanto para os próprios indivíduos que a vivenciam como para os que com eles são obrigados a conviver.

O curioso é saber que, mesmo sendo essa fase um período tão marcante na história de todos os seres humanos, do ponto de vista da medicina somente agora se tem dado uma maior atenção às pessoas que vivenciam essa etapa.

Para as crianças, há muito existe a pediatria. Para os idosos, a geriatria. E para os adultos, a clínica convencional. Mas, e para os adolescentes?

Em alguns centros já se esboça uma especialidade médica destinada exclusivamente a essa fase evolutiva. E na cirurgia plástica?

Com certeza os especialistas lidam, com freqüência, com pessoas tipicamente adolescentes. Por vezes adolescentes precoces, outras vezes adolescentes prolongados...

De qualquer forma há que se ter uma atenção especial a eles já que sua característica básica é a certeza do que querem, repleta de incertezas sobre o que dizem estar querendo.

Atender em consulta um adolescente exige um bom preparo do especialista, superior a exclusiva formação em cirurgia plástica.

Uma das características dos adolescentes atuais é a irreverência e a maneira incisiva como dizem querer alguma forma de tratamento.

Contudo, pela sua própria natureza, o adolescente também pode se apresentar de forma totalmente oposta. Inseguro, calado, esperando que as coisas aconteçam. Não importa com qual das duas imagens se apresente, o adolescente-cliente deve ser ouvido e, de preferência sem maiores interferências dos pais que geralmente os acompanham.

Deve o cirurgião questionar diretamente ao seu jovem cliente, procurando saber quais são suas queixas e, principalmente, quais são as suas expectativas.

Nesse momento, com freqüência os pais ou acompanhantes adultos interferem, querendo menosprezar e reduzir essas expectativas, até mesmo ridicularizando o que é apresentado como um sonho a se realizar.

Sem tirar a autoridade do adulto-acompanhante, o cirurgião irá dar uma atenção especial ao seu cliente, valorizando suas colocações e aprofundando em suas fantasias, buscando ouvi-lo com respeito e sem restrições. Afinal, o momento da consulta é exatamente para isso: ouvir os desejos e fantasias do cliente para, só depois que isso ficar bem explicitado, procurar mostrar a realidade da cirurgia plástica, a realidade da própria medicina. Que tem limites e que não corresponde a uma atividade de deuses mas de seres humanos treinados e qualificados para tal.

Muitas vezes é esse um momento crucial onde os grandes desastres se iniciam. Querendo não perder o cliente - e a remuneração que ele representa - alguns profissionais não bem qualificados técnica ou eticamente aceitam e concordam com as colocações fantasiosas do jovem cliente e realizam tratamentos cirúrgicos totalmente contra-indicados. Acabam por trazer frustrações, complicações e aborrecimentos para o cliente e para si próprios, além de contribuírem para o mau conceito da especialidade.

Se o tratamento desejado corresponder às possibilidades para aquele caso, deve o cirurgião mostrar com clareza como ele poderá ser feito, quais são as suas chances de sucesso e quais as exigências pré, pér e pós-operatórias indispensáveis para o bom êxito da cirurgia.

Um ponto extremamente importante nesse momento é deixar bem claro quais as limitações pós-operatórias que caberão àquele caso já que os adolescentes, pelo natural excesso de energia que possuem, muitas vezes são rebeldes a certos cuidados essenciais.

Outro ponto muito importante e que exige especial habilidade do cirurgião, é a investigação sobre o uso de drogas, incluindo o tabaco e o álcool. Infelizmente esses vícios estão bastante difundidos entre os jovens dessa faixa etária e o medo, a vergonha ou a presença de adultos pode impedir ao jovem revelar esse uso.

O mesmo pode-se dizer da vida sexual e do uso de anticoncepcionais.

Não é tão raro jovens telefonarem para o cirurgião, logo depois de uma consulta, relatando o uso de produtos que negaram usar durante a entrevista, justificando a mentira pela presença dos pais ou responsáveis naquele momento.

Por isso é importante que se procure ter algum momento de conversa isolada com o jovem paciente, para lhe questionar sobre esses fatos. E fazê-lo de modo a lhe dar total confiança de que nada será levado a seus pais ou responsáveis, se ele assim o quiser.

Alguns pais, conscientes dessas possibilidades, costumam sugerir que o adolescente converse inicialmente à sós com o médico, deixando para participar da consulta numa segunda parte quando a conversa entre médico e paciente já se tenha esgotado naquilo que exige privacidade.

Apesar de parecer desnecessário ressalte-se, contudo que jamais o médico, cirurgião, deverá trair a confiança de seu cliente, revelando coisas que ele narrou na certeza de que o sigilo médico é um dos valores mais altos da profissão médica. Quando muito, poderá o cirurgião ser conselheiro, dando orientações adequadas ao jovem cliente sem quebrar o segredo da conversa, com terceiros. 

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